Ergue-se impávido, com ares de pretensa soberania, sobre tudo e sobre todos...
Altivo, levanta-se apoiado em seu coração incandescido pela violência, desejando subir mais alto que as nuvens, e estabelecer-se acima das estrelas.
Seus olhos brilham como faíscas. Sai fogo de sua boca, e de suas narinas, orgulho flamejante.
Titã aos seus próprios olhos e aos olhos incautos de quem vê sem nada enxergar; Colosso dos pés de ferro e de barro.
Feroz... soberbo. É o poderoso caçador que singra entre mares e almas em busca do fugaz prêmio da conquista pela conquista.
Seu “nome”? Leviatã.
Sempre faminto por vitórias e desesperado pelo poder, com a sua cauda arrasta, engana e ilude, somente para estar sobre tudo e sobre todos...
Faz comércio de si, vendendo o que não tem e o que não é; vendendo ilusão... denegrindo a quem quer... louvando e enaltecendo o espelho: narcisista.
Monstro que a tudo devora, sem, contudo, nunca se saciar.
Lobo de si mesmo! Ávido pelo amealhar, desde o ceitil até o dobrão.
Consciente de sua liberdade, despreza o fruto que vivifica e arroga para si a posição de déspota, de rei e de senhor.
Seu “nome”? Homem.
‘Humanus, homo, humus’ –, a mais soberba das criaturas deste mundo – cerca o riacho que chama de seu e arranca a vida do outro que pensa também ser sua, apenas para viver sobre tudo e sobre todos...
De onde vem tamanho orgulho? Onde repousa a sua certeza, a sua força e a sua infalibilidade? Se é que de fato as tem por si, amparado em seu braço mortal.
Talvez a resposta esteja no homem que em seu insensato coração diz: “Deus não existe”.
Deve estar ‘certo’... Afinal, o homem não é semelhante à neblina, que aparece por um instante e logo se dissipa...
É... de fato deve estar ‘certo’, já que o homem não é semelhante a erva do campo que fenece ainda em flor, seca, cai e morre...
Seu “nome”? Ego.
Sobre tudo e sobre todos...
Seu “nome”? Homem, Leviatã.
Orgulho e portento...
Seu “nome”: Eu, Tu, Nós?!
Humanidade sem Deus.
Josué Argôlo.