“Só existem dois dias no ano que nada pode ser feito: um se chama ontem, e o outro se chama amanhã;
portanto, hoje é o dia certo para amar, acreditar, fazer e principalmente viver.”
Dalai Lama
Não foi apenas uma breve troca de olhares, foi muito mais do que isso.
Quando Pedro e Jesus se entreolharam na praia do mar de Tiberíades, passado, presente e futuro se encontraram...
O passado se apresentou na lembrança do gosto amargo da traição; o gosto de quem mesmo amando abjura o Amor e diz não conhecer o Amigo.
O futuro?! Ah, este “chegou” nas asas da incerteza, nebuloso até então, pois dependia do tempo da escolha, do tempo da oportunidade...
Somente neste tempo – que se chama Hoje –, os grilhões da acusação que nos prendem ao ontem podem ser desvencilhados.
Apenas no tempo da escolha, o aguilhão do amanhã se cala por um pouco – aguardando o que irá dizer –, na esperança que Hoje, tudo pode se fazer novo...
E quanto a Pedro?
Ele escolheu bem, no momento em que olhou para trás e teve a oportunidade de desistir, de parar de caminhar, quando ouviu por três vezes a pergunta do Mestre:
“— Pedro, tu me amas?”
Pedro decidiu pelo seu hoje... pelo seu presente...
Mas, não pense que foi qualquer decisão. Pedro escolheu amar o Amor, na medida e na força do seu coração.
Naquele instante em que o simples pescador voltou seu rosto para Jesus, fitando- O nos olhos, a dádiva da oportunidade operou nele o milagre, curando as feridas de sua alma abatida, pois foi por ele recebida não somente como dádiva, mas como oportunidade.
Naquele momento, passado, presente e futuro também se entreolharam, como o fizeram Pedro e Jesus: o passado se despediu sem lhe cobrar nada, esquecendo-se para sempre do que, no passado, fora feito... Já o futuro... o futuro ficou à frente de Pedro, saudando-o e sorrindo para o presente.
Josué Argôlo.