Querido irmão em Cristo,
A Graça do Senhor Jesus seja contigo,
Tenho acompanhado o seu programa pela tv e também fui a alguns eventos realizados por vocês. Glorifico a Deus por ter iluminado tanto a sua visão espiritual na Palavra.
Gostaria que pudesse me esclarecer uma grande dúvida:
Falando da lei:
Gl 3:19 “…e foi promulgada por meio de anjos, pela mão de um mediador. 20″Ora, o mediador não é de um, mas Deus é um.”
At 7:30 “Decorridos quarenta anos apareceu-lhe, no deserto do monte Sinai, um anjo, por entre as chamas de uma sarça que ardia.”
At 7:53 “vós que recebestes a lei por ministério de anjos e não a guardastes.”
Estes versículos podem sugerir que a Antiga Aliança embora ratificada por Deus teria sido estabelecida por anjos e não por Deus? ou que Jaweh não era o Deus altíssimo mas sim um anjo?
Resposta:
Amada irmã em Cristo,
Graça e Paz:
Com respeito ao texto de Atos 7:30 (sobre o “Anjo” que apareceu a Moisés no monte Horebe), é importante lembrarmos que no texto correlato a que Atos faz referência, em Êxodo 3, a personagem que aparece no meio da sarça é identificada como: o Anjo do Senhor – v. 2 ; Deus – v.4; o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó – v. 6; e, o EU SOU – v. 14. Todas essas evidências não nos deixam dúvidas de que, o Anjo do Senhor é o próprio Deus.
Todavia, a pergunta que nos sobrevém é: Por que Deus, naquela ocasião, assim como em tantas outras no antigo testamento, é chamado de Anjo do Senhor?
Bem. O primeiro passo na compreensão dessa verdade é descobrirmos a abrangência semântica do termo “anjo”. De acordo com a versão grega do antigo testamento, Septuaginta, o vocábulo “anjo” – do grego anggelos – significa mensageiro ou enviado, e portanto, não se restringe, a anjos, criaturas de Deus, criados para o serviço dos que hão de herdar a salvação (Hb 1:14).
Nesse caso, o termo anjo, compreendendo-o de acordo com o contexto imediato, assume uma carga semântica muito mais ampla do que, comumente, costuma significar. O Anjo do Senhor, portanto, é o mesmo que o Mensageiro do Senhor, ou, o Enviado do Senhor.
Esse título divino [Enviado do Senhor], tão comum nas páginas do antigo testamento, evoca o caráter messiânico do Filho de Deus, o qual é reconhecido no novo testamento como O Cristo, isto é, como o Ungido de Deus (Mt 16:16), e também como O Apostolo, isto é, como O Enviado de Deus (Hb 3:1).
Assim, o Anjo do Senhor em Ex 3:2, se refere a uma Epifania do Filho de Deus, o qual é o próprio Deus (Rm 9:5), e que lá estava, como um prenúncio de Sua obra redentora futura. Assim, pois, do modo como o Filho de Deus desceu e visitou as misérias de Israel, no Egito, e lá operou grandes sinais e maravilhas, salvando-os, finalmente, na noite em que imolaram o cordeiro pascal, assim, o Filho de Deus haveria de descer do céu, nos dias de Sua encarnação, a fim de, depois de operar grandes sinais e maravilhas, salvar o Seu povo mediante a Sua própria morte na cruz, sendo Ele mesmo o Cordeiro Pascal (Jo 1:29 cf. I Co 5:7). Eis a razão, porque, ao revelar a Sua missão a Moisés, explicitou-a dizendo: “Disse ainda o SENHOR: Certamente, vi a aflição do meu povo, que está no Egito, e ouvi o seu clamor por causa dos seus exatores. Conheço-lhe o sofrimento; por isso, DESCIa fim de LIVRÁ-LO da mão dos egípcios e para fazê-lo subir daquela terra a uma terra boa e ampla, terra que mana leite e mel…” (Ex 3:7-8 – ênfase acrescentada).
Quanto aos textos de Atos 7:53 e Gálatas 3:19, textos nos quais aparece a figura de anjos no momento em que a lei foi promulgada no Sinai, precisamos descobrir, pelo próprio Bíblia, o papel que os tais anjos desempenharam na ministração da lei. Vejamos o que dizem os textos:
Atos 7:53 “vós que RECEBESTES a lei por ministério de anjos e não a guardastes”.
Gl 3:19 “Qual, pois, a razão de ser da lei? Foi adicionada por causa das transgressões, até que viesse o descendente a quem se fez a promessa, e foi promulgada POR MEIO DE anjos, PELA MÃO DE UM MEDIADOR. Ora, o mediador não é de um, mas Deus é um”
Observe as expressões: “recebestes”, “por meio” e “pela mão de um mediador”. Nota-se que o papel dos anjos, neste particular, foi o de mediar entre Deus e os homens [Moisés]. Visto que foi o próprio Deus quem escreveu os dez mandamentos nas duas tábuas de pedra, como Deus as entregaria nas mãos de Moisés? Viria, Deus, porventura, em toda a Sua glória, pessoalmente entregar as tábuas da lei a Moisés? É certo que não. Neste caso, depois que o Senhor escreveu nas tábuas os dez mandamentos, entregou-as a Moisés, por meio de anjos, os quais fizeram a intermediação entre Deus e o homem, para que este não visse a Sua face e morresse (Ex 33:20).
Fique na graça de Cristo Jesus, e nunca deixe morrer o amor que tu tens pela verdade de Deus.
Eu mesmo,
Bispo Alexandre Rodrigues